Bartolomé Esteban Murillo
Nome completo: | Bartolomé Esteban Murillo. |
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Nascimento: | 1617, Sevilha, Espanha. |
Morte: | 1682, Sevilha. |
Estilo: | Barroco, naturalismo |
Murillo foi um pintor sevilhano, grande figura do barroco e dominador de técnicas tenebristas, naturalistas e do chiaroscuro. Os dados biográficos que se têm dele não são muitos nem muito exatos, frequentemente há contradições entre os historiadores, especialmente quanto às viagens que realizou a outras cidades da Europa; e quanto às datas, tanto de sua biografia quanto de suas obras.
Dados de Murillo que estão comprovados são: que nasceu em Sevilha na segunda década do século XVII, de família abastada mas não especialmente rica, aproximadamente aos 9 anos ficou órfão e foi morar com sua irmã e seu cunhado, permanecendo nessa casa até o dia de seu casamento. 10 anos depois enviuvou e não se casou novamente. Com sua esposa teve cerca de 9 filhos, dos quais entre 3 e 5 morreram durante a infância.
Não está claro se viajou fora de Sevilha para se formar como pintor, o que é certo é que Murillo não passou nenhum período muito longo de sua vida fora de sua cidade natal, e sim realizou viagens esporádicas a Madri onde conheceu Velázquez. Os especialistas concordam que se apreciam claramente elementos renascentistas italianos em suas composições, mas estes podem ser explicados pela forte influência que tiveram mestres como Zurbarán, que cultivou diversos aspectos pictóricos das escolas italianas de Veneza e Bolonha. © diCrox.
Quadros de Murillo
A pintura de Murillo foi fortemente moldada pela fé católica que professava. Também sua orfandade, a experiência de perder vários filhos, a época de vacas magras e a peste assolando a cidade no final da década de 1650, fizeram com que desenvolvesse uma grande sensibilidade para com os desamparados e os que mais sofrem na sociedade, tornando-se especialista em cenas de gênero com crianças pobres.
Sua perícia como pintor levou-o a receber encomendas dos mais altos escalões, as obras religiosas foram sem dúvida seu forte, já que era capaz de refletir expressões, sentimentos e emoções nos rostos e corpos como ninguém.
Esta é uma amostra representativa dos gêneros, temas e estilos que o pintor desenvolveu durante a sua carreira:
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1670Gênero: RetratoEstilo: NaturalistaTítulo (inglês): Self PortraitTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaLocalização: National Gallery, LondresA inscrição abaixo da pintura do pintor diz em latim: "Bartus Murillo seipsum depingens pro filiorum votis acprecibus explendis", que significa "...pintando-se a si mesmo a pedido de seus queridos filhos".
Embora a aparência do pintor seja de um homem relativamente jovem, acredita-se que a obra foi pintada quando o artista já tinha mais de 50 anos, época em que seus filhos já tinham idade suficiente para se orgulhar do trabalho de seu pai.
A composição segue o mesmo padrão dos gravuras das capas de livros da época: o protagonista emoldurado em um óvalo e abaixo dele os instrumentos e ferramentas de seu ofício: lápis e papel à sua esquerda e uma paleta com pincéis à direita.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: 1666Gênero: Pintura religiosaEstilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaLocalizado em: Museu de Belas Artes de SevilhaJusta e Rufina são duas santas, filhas de um oleiro, nascidas no século III, no atual território de Sevilha, que na época era governado pelos romanos. do século III, filhas de oleiro e mártires.
Na obra, vê-se Santa Justa à direita e Rufina, 2 anos mais nova que a primeira, à esquerda. A tela mostra jarros de barro no chão em alusão ao negócio da família. A torre do campanário de Sevilha, atual Giralda da Catedral, porque lhes é atribuído o milagre de que, no terremoto de 1504, se manteve de pé. Também palmas nas mãos de cada uma, indicando sua morte por martírio, o que ocorreu porque ambas se recusaram a reconhecer os deuses romanos.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloTambém conhecido como: Menino Espulgando-seAno: cerca de 1650Estilo: BarrocoGênero: CostumbrismoTítulo (francês): Le Jeune MendiantTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaLocalizado em: Museu do Louvre, ParisMurillo retratou crianças em várias ocasiões, e o fez com infantes de todos os tipos: Santos em suas idades mais tenras, anjinhos em alegorias religiosas e crianças em cenas do cotidiano, como é o caso deste.
Trata-se de uma das obras não religiosas mais conhecidas do artista, onde os elementos do estilo barroco aparecem de forma notável, especialmente no que diz respeito ao tratamento da luz, o chiaroscuro da composição, onde o menino aparece iluminado em um ambiente negro ou muito sombrio.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1675Estilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaLocalizado em: Museu do Prado, MadridOs dois meninos são João Batista e Jesus, que dá de beber ao primeiro numa concha. Embora a cena não seja bíblica, é uma situação perfeitamente plausível, já que ambos eram primos e próximos durante a sua infância.
Esta é uma das obras mais reconhecíveis do pintor, que combina os elementos em que o artista mais se destacava: a pintura de crianças e o estilo barroco. Por isso, conseguiu uma composição bela e equilibrada que foi reproduzida inúmeras vezes em todos os tipos de suportes, incluindo láminas, camisetas e outros objetos de moda e decorativos.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1652Estilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaLocalizado em: Museu do Prado, MadridA obra mostra São Jerônimo, que no século V foi um dos maiores eruditos de línguas hebraica, latina e grega do mundo. Traduziu grande parte da bíblia para o latim, a pedido do Papa Dâmaso I. Por isso, a forma tradicional de representar este Santo é sempre escrevendo ou lendo, outra das pinturas mais conhecidas com este motivo é São Jerônimo escrevendo de Caravaggio.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: 1682Estilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaLocalizado em: Museu do Prado, MadridEsta obra mostra a morte do apóstolo André, considerado um dos pais da igreja católica e da ortodoxa. O martírio ocorreu na cidade grega de Patras, onde foi ordenada sua crucificação (em forma de X), por ordem do delegado consular romano Aegeates, que não só foi testemunha da pregação de São André e dos conversos ao cristianismo que dela se derivaram, mas também a sua própria esposa se declarou cristã, fato que ele não quis tolerar. Ordenou a sua prisão, flagelação e crucificação.
A obra foi realizada na fase artística mais avançada de Murillo, de fato foi terminada no mesmo ano de sua morte, caracterizada pelo fato de que as figuras são muito difusas e mais coloridas, lembrando algumas técnicas desenvolvidas no Renascimento como o sfumato, e outras que ainda levariam séculos para se desenvolver, como os difusos do Impressionismo.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1660Estilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaLocalizado em: Museu do Hermitage, São Petersburgo, RússiaA preferência do artista por esses pequenos tem a ver com o fato de ter perdido entre 3 e 5 filhos por doença e que, naquela época, a pobreza e a doença assolavam grande parte da sociedade sevilhana. Com a mesma temática, retratou crianças como esta, malandros e espertalhões, como mostram os títulos: "Jovem mendigo", "Crianças comendo uvas e melão".
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloTítulo (inglês): Adoration of the MagiAno: cerca de 1660Estilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Toledo Museum of Art, EUA.Esta obra se concentra na reação dos magos diante do recém-nascido, mais do que na descrição clássica e bíblica do relato. Mostram alegria e devoção, reforçando a solenidade do momento em que a Virgem Maria lhes apresenta o menino com simplicidade. O momento em que os Reis Magos visitam o messias foi amplamente tratado por diversos artistas do Renascimento e do Barroco, uma das versões mais conhecidas é a "Adoração dos magos" de Velázquez.
Embora o relato bíblico seja breve, a tradição oral cristã adornou o acontecimento com todo tipo de detalhes, muitos dos quais estão refletidos na obra. Acima à esquerda, vê-se a estrela de Belém, os trajes dos magos reforçam o caráter universal da religião: cada um representa uma idade do homem: juventude, maturidade e velhice; e uma origem geográfica diferente (dos 3 continentes conhecidos até então): Ásia, África e Europa.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1680Gênero: Pintura religiosaEstilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Coleção privadaEsta versão de Cristo com a coroa de espinhos é considerada a melhor conseguida pelo artista, que realizou várias versões do mesmo título, as mais destacadas encontram-se no Prado (ver) e no Museu de Cádiz (ver).
Uma das habilidades mais aprimoradas de Murillo era sua capacidade de expressar emoções e sentimentos nos rostos que pintava, o que, neste retrato, está generosamente conseguido.
Atualmente, esta versão de Ecce Homo não pode ser vista em nenhum museu, pois foi adquirida por um colecionador privado em 2017, que pagou quase 3 milhões de libras esterlinas em um leilão da Sotheby's.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1660Gênero: CostumbrismoEstilo: BarrocoTítulo (inglês): Four Figures on a StepTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Museu de Arte Kimbell, Texas, EUA.Trata-se de uma cena de gênero, bastante atípica para a época e para o pintor. Apresenta 4 personagens, dos quais a jovem em pé no centro da tela é a mais proeminente na composição, o gesto de meio sorriso, bochecha contraída e olho meio fechado, acredita-se que na época e neste contexto, significa que a garota era solteira e estava disponível. A partir daí, infere-se claramente que a mulher mais velha é a protetora das três crianças, e especialmente encarregada de encontrar um marido para a garota.
O menino à esquerda e o que está deitado confirmam o caráter picaresco, um pela expressão de seu rosto e o outro pelo rasgo em sua calça.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1650Estilo: BarrocoTítulo (alemão): Trauben- und MelonenesserTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Pinacoteca Antiga de Munique, AlemanhaEsta cena de gênero é uma das mais famosas do artista, apresentando características típicas do barroco.
Mostra 2 garotos bem iluminados e com fundo escuro, em ação e movimento, tanto os olhares quanto as linhas principais da composição são diagonais, o detalhe e realismo das figuras é muito alto, tanto que somente as uvas no chão poderiam ser um bodegón da mais fina factura. A luz entra por cima à esquerda e cria uma densa sombra no canto oposto (claro-escuro).
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1670Estilo: BarrocoTítulo (inglês): O Retorno do Filho PródigoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Galeria Nacional de Arte, Washington, EUA.Esta tela pertence ao período artístico mais precoce do pintor, foi criada para decorar a Igreja e hospital da Caridade de Sevilha (ver na Wikipedia), uma casa de hospício criada para acolher os mais desamparados. O pai como figura de Deus, recebe o filho que se havia perdido e agora retorna, o cachorrinho significa que a cena pretende ser totalmente terrena e não mitológica.
Em muitas ocasiões pintou-se este episódio bíblico, considera-se esta uma das melhores realizações de todo o período, já que expõe de maneira exímia as expressões faciais e corporais dos personagens. A composição em termos de coloração, iluminação e fundo lembra as obras de Tiziano.
Outra das famosas pinturas da mesma temática é esta conhecida versão, realizada por Rembrandt, que conta com um marcado estilo barroco da escola flamenga.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1660Gênero: Pintura religiosaEstilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Real Academia de Belas Artes de San Fernando, MadridMostra o momento em que Jesus ressuscita e sai do sepulcro enquanto os guardas postados para cuidar da entrada ficaram dormindo. Em sua mão, a bandeira da salvação, que significa o triunfo sobre a morte e seu chamado à conversão de judeus e não judeus.
Esta obra-prima mostra um claro-escuro onde a luz se direciona do fundo do quadro para o espectador, brilhando com máximo fulgor justo na cabeça de Jesus, que carrega penduradas as mortalhas, estende a mão e eleva o olhar direcionando-se ao pai. Na parte baixa, na penumbra, três soldados romanos dormindo sobre o chão.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1660Estilo: BarrocoTítulo (inglês): Duas Mulheres na JanelaTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Galeria Nacional de Arte, Washington, EUA.Murillo era um especialista em dar às suas obras um halo de encanto, nostalgia e travessura, e esta obra é um grande exemplo disso. Apresenta duas jovens moças olhando pela janela, ao centro e totalmente iluminada uma delas que olha para o espectador esboçando um sorriso enigmático e tranquilo. Atrás dela, à meia luz, a outra jovem cobre com um lenço sua risada ávida. As roupas de ambas, típicas espanholas da época, indicam um estrato de classe média alta.
As dimensões dos personagens são em escala 1:1, feito propositalmente com a intenção de que a pintura tenha mais impacto, pois se assemelha mais a uma autêntica janela com as meninas olhando, este mesmo recurso pictórico é comum encontrar na escola flamenga do século XVII, por exemplo em: Jan van Eyck, Rembrandt ou Rubens.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1667Estilo: BarrocoTítulo (inglês): São Tomás de Villanueva Dividindo Suas Roupas Entre Meninos MendigosTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Museu de Arte de Cincinnati, Ohio, EUA.Santo Tomás de Villanueva (1486-1555) foi um frade agostiniano espanhol, canonizado em 1658, reconhecido pela sua sensibilidade para com os pobres. Aqui ele é mostrado em sua mais tenra idade, distribuindo entre as crianças pobres as roupas que vestia.
Nesta obra começa-se a apreciar a tendência crescente do artista em utilizar o "estilo vaporoso", que consiste em difuminar os contornos das figuras, apresentando-as com uma leve aparência de transparência, mas sem perder em realismo.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1655Estilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Museu do Prado, MadridNesta obra reflete-se a devoção religiosa do próprio artista. Murillo era católico e pertencia à Confraria do Rosário, que praticava com especial fervor a oração do santo rosário. Por isso, pode-se ver o menino segurando um na sua mão direita. A pose de ambos é extremamente doce e suave, o que, juntamente com a beleza dos rostos e a serenidade alegre das expressões, resulta numa obra sublime, como poucas que se conhecem.
A composição mostra características do Tenebrismo, pelos seus fortes contrastes de luz, estilo muito utilizado sobretudo na primeira fase artística do pintor.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1670Estilo: BarrocoTítulo (inglês): A Visão de São Francisco de PaulaTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Museu J. Paul Getty, CalifórniaSão Francisco de Paula foi um frade e mais tarde eremita italiano do século XV, conhecido por sua vida extremamente austera. Ele é apresentado aqui em uma paisagem de desolação e penumbra, erguendo o olhar para o céu, de onde vem uma luz e se lê "Caritas", que significa "Amor". A bola de luz é cercada por um gracioso grupo de 5 anjinhos.
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Autor: Bartolomé Esteban MurilloAno: cerca de 1655Estilo: BarrocoTipo: QuadroTécnica: ÓleoSuporte: TelaEncontra-se em: Museu de Belas Artes de Bilbau, EspanhaEsta dramática imagem do apóstolo Pedro corresponde ao relato bíblico do choro que se segue à sua traição ao mestre ao negá-lo três vezes. Ele tem as mãos entrelaçadas como se estivesse rogando perdão. O óleo tem os elementos clássicos do claro-escuro barroco, um fundo sombrio e uma luz que desce em diagonal, contornando as figuras e especialmente o rosto do personagem.
Já nos primeiros anos, a autoria da obra foi discutida, chegando-se a afirmar que foi feita por José de Ribera, embora logo o assunto tenha sido esclarecido, fica patente a forte influência que este teve nesta e em outros trabalhos do autor.
Peça na seção de quadros de Murillo a óleo
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