Diego Velázquez

O Triunfo de Baco (1628–1629), também conhecido como “Os bêbados”, é uma obra fundamental na evolução técnica de Velázquez. Nela, o artista demonstra um domínio extraordinário do claro-escuro e da modulação luminosa: uma luz lateral modela os volumes com sutileza, destaca o corpo de Baco e cria uma atmosfera quente onde tons ocres, terrosos e cinzentos se equilibram com acentos rosados e dourados. A pincelada, ainda contida mas vibrante, combina precisão anatômica e naturalismo óptico, antecipando a maturidade estilística do pintor.

Em A Adoração dos Magos, Velázquez retrata com naturalidade o momento em que os três reis do Oriente oferecem seus dons ao Menino Jesus. A cena acontece em um ambiente simples, sem artifícios, onde a luz destaca o encontro entre as figuras e cria uma atmosfera de calma e recolhimento. A disposição das personagens forma um círculo visual que conduz o olhar para o menino, verdadeiro centro da composição.

Este retrato apresenta um notável uso de claroscuro, exibindo o rosto de um apóstolo. Não se sabe exatamente qual figura bíblica representa, mas sabe-se que não é nem São Tomás nem São Paulo, pois presume-se que a tela original (antes de ser cortada) já incluía estes dois santos.

Os especialistas não estão 100% certos da autoria da tela; no entanto, as características da pintura podem ser atribuídas com pouca margem de erro ao estilo que o pintor desenvolveu entre 1619 e 1620.

É considerada uma das obras religiosas mais significativas de Velázquez. A tela foi criada para a capela privada da rainha consorte Isabel de Borbón, no Real Alcázar de Madrid. Essa circunstância explica a delicadeza do tema e a profundidade simbólica com que o pintor aborda a representação, concebida como uma alegoria da virtude e da autoridade divina. Percebe-se uma ligação entre a figura de Isabel e o motivo central da pintura, em que a Virgem Maria ocupa um papel de soberania espiritual, reflexo da realeza terrena da rainha.

Considerada uma das representações mais sublimes de Cristo crucificado na história da arte ocidental, esta obra de Diego Velázquez combina a precisão do naturalismo com uma profunda carga espiritual. Reconhecida como uma obra-prima da anatomia masculina, seu equilíbrio entre beleza formal e dramatismo interior inspirou gerações de artistas e escritores. A serenidade da cena, despojada de qualquer elemento supérfluo, concentra a atenção na figura central e transforma o sofrimento em um gesto de quietude solene. A composição evoca o Salmo 45, versículo 3: “Tu és o mais formoso entre os filhos dos homens; a graça se derramou sobre os teus lábios; por isso Deus te abençoou para sempre.”

Esta paisagem rural representa a famosa Fonte dos Tritões, uma escultura de mármore branco que ainda se conserva e que atualmente está localizada em um dos lados do Palácio Real de Madri. Na época em que Diego Velázquez pintou esta tela, por volta de meados do século XVII, a fonte —de autor desconhecido— encontrava-se nos jardins do Real Sítio de Aranjuez, local que inspirou o pintor por sua atmosfera natural e harmonia arquitetônica. Foi transferida para sua localização atual no século XIX.

O retrato de Francisco Lezcano, conhecido como "O menino de Vallecas", é uma das obras mais notáveis de Velázquez dentro de sua série de bufões e servidores da corte de Filipe IV. Lezcano, que sofria de uma deficiência intelectual — descrita na época como "oligofrenia" —, foi bufão do príncipe Baltasar Carlos. O pintor o retrata sentado em um ambiente campestre com fundo marinho, distante de qualquer teatralidade, com uma expressão de calma e certa altivez. Ele segura nas mãos um baralho, símbolo de lazer, acaso ou do papel que o destino lhe impôs na corte. A luz concentrada no rosto e nas mãos, junto à sobriedade do restante da composição, confere ao retrato uma profundidade humana que transcende sua condição social e física.

Um momento histórico militar que destaca a vitória do exército espanhol de Filipe IV sobre os proprietários de terras nos Países Baixos. O gesto amigável dos personagens denota os termos em que a disputa foi resolvida: uma rendição considerada honrosa por Espanha.
Esta obra de Diego também é muito conhecida por As lanças (em espanhol, Las lanzas).

A obra representa três episódios da “Lenda Dourada” de Santiago de la Vorágine (1230–1298), centrados em Santo Antão Abade e São Paulo Eremita. No centro, ambos os santos se encontram em uma paisagem rochosa — Antão vestido de marrom e Paulo de branco — enquanto um corvo desce trazendo o pão que simboliza a providência divina. Nas laterais, Velázquez integra duas cenas complementares: à esquerda, o enterro de São Paulo com a ajuda de um leão; à direita, o encontro do eremita morto em oração. A composição mantém um equilíbrio narrativo e espiritual, unindo os três momentos em uma visão harmônica única.

Situada em Sevilha, esta cena de costume pretende destacar o caráter sórdido da situação: o mais jovem dos homens, com uma expressão zombeteira, segura um copo de vinho, indicando que os três músicos já beberam. Os dois personagens à direita seguram os seus instrumentos de forma frouxa e parecem tocar música que é desarticulada e sem melodia.

A conservação da obra é excepcional, com as cores, figuras e iluminação permanecendo quase inalteradas até hoje.

Velha fritando ovos é uma das primeiras obras-primas de Velázquez, realizada durante sua juventude em Sevilha e considerada um marco do costumbrismo espanhol do século XVII.

A obra impressiona pela extraordinária precisão com que Velázquez reproduz uma ampla variedade de materiais e texturas: o brilho do óleo fervente, o peso do almofariz de bronze, a aspereza dos tecidos e dos legumes, as marcas de uso nos utensílios de cozinha, a madeira escura, os metais, a cerâmica e o vime. Cada elemento parece cuidadosamente disposto, não como simples adorno, mas como exercício de observação e virtuosismo técnico.